quinta-feira, 27 de maio de 2010

Fluxo? Só se for o dos pássaros...

Talvez este ano tenha sido mais importante que os 25 anteriores. Sou mestre, depois de quase três anos de angústias. Quase casei - e terminei o namoro de 4 anos porque sabia que, ou deveria casar, ou separar de vez. Estou largando, também, meus 4 empregos. Descobri que os nossos grandes amores nunca vão embora e que não é possível esquecer o grande amor da sua vida, independente das pessoas que apareçam depois dele.Mas deixo tudo pra trás em busca de um sonho, que eu sei ser ilusório ( não acho que o American way of life é a porta de saída), mas que ,ainda sim, vai valer a pena. Sempre me acomodei nas minhas relações: profissionais, amorosas. Não me lembro de ter saído atrás de um ideal, algo novo, decidido única e exclusivamente por mim. Porque me parece que todas as coisas que eu fiz ao longo da minha vida foram por pressão: pressão do mocinho que queria virar namorado, pressão da família que, embora apoiasse, de um forma queria que eu começasse a ganhar dinheiro, pressão da sociedade em geral, que não aceita certos comportamentos, pressão da Jaqueline, que sempre seguiu todas as regras, todos os conselhos, sempre engoliu “ os sapos” da vida, sempre disse obrigada e desculpa por ter levado tantos empurrões. Agora é diferente: vou largar tudo pra ser babá sim e se eu fosse (DENOVO) escutar os outros, ficaria aqui, parada, vivendo a vidinha medíocre que eu achava ser suficiente pra mim. Porque com o tempo eu me tornei medíocre como todos queriam que eu fosse, mas que eu, na verdade, nunca almejei ser. É que pra não decepcionar as pessoas que confiam tanto em mim, EU deixei de confiar em mim e vendi minha alma para aqueles que me pagaram mais. E quem disse que é do mais que a gente precisa? Não vou pros Estados Unidos pra ficar rica. Não tenho a intenção de encontrar marido rico, dono de poços de petróleo, assim como não tenho a pretensão de voltar uma expert em Inglês só porque fui impulsionada a dar aulas de. Eu vou porque quero ir, quero provar o diferente, o novo: poucas vezes eu fiz isso. Nunca tive coragem de largar tudo pra correr atrás de sonhos sem garantias. E o que eu ganhei por ser moralmente correta?Por ser a namorada exemplar? Por ter o melhor dos empregos? Por ser a melhor aluna? Eu não ganhei nada. Na verdade ganhei algumas rugas, algum dinheiro ( que já gastei), algumas brigas com pessoas que amo por eu viver em constante TPM. Minha vida virou uma constante TPM: sempre irritada com tudo e com todos, até comigo mesma. Foi isso que eu ganhei seguindo o fluxo. Chega de seguir a boiada: preciso seguir o meu coração! Preciso conhecer gente nova, lugares novos, explorar sensações. É possível contar quantas vezes eu fiz isso em toda a minha vida. Será mesmo que ser babá é pior que corrigir mais de 700 provas por mês? É pior que agüentar um namorado que quer mandar nas suas amizades? É pior que ter que tomar remédio pra dormir? É pior que trabalhar como um burro de carga e não ter dinheiro nem pra pagar o aluguel e morar sozinha? É pior que ser insultada por alunos que você tanto ama? É pior que ficar 4 horas preparando uma aula que ninguém vai dar valor? É pior que estudar, estudar, estudar pra dizerem que seu artigo não está bom? É pior que não ter tempo pra ir à academia? É pior que não ter tempo pra pensar na vida? É pior que estar imerso em um mundo que parece não ser o seu? Acho que não. Porque a beleza das coisas é você quem deve enxergar e eu, infelizmente, parei de ver beleza no namoro que terminei, nas aulas que eu dava, nos textos que eu escrevia.Para que eu possa reassumir tudo quando voltar , preciso desaprender a ser eu-Jaqueline-que-todos-acham-uma-fofa-,-pois-não-sabe-falar-não-pra-ninguém. Vou procurar algo que nunca fiz antes, porque o máximo que pode acontecer é eu não gostar, como eu já não gostei de tantas outras coisas em minha vida. Preciso , agora, me despersonificar para virar gente mais pra frente. Não sei se vocês me entendem. Não sei se sentem o mesmo, mas eu, enquanto mulher pulsante, preciso descobrir novos caminhos, antes que enlouqueça - ou me mediocrize de vez.